terça-feira, maio 30, 2006

Reflexão de Philip Glass sobre a Música de As Horas

"É um filme sobre arte e sobre a forma como a arte afecta a vida. Gostei imediatamente do filme e achei-o extremamente interessante, com imensa qualidade, tanto no argumento como na realização, como na actuação, em tudo. É um desafio enorme para um compositor porque... Como é que a música vai funcionar nisto? E a mim pareceu-me, ao ver o filme pela primeira vez, que a música tinha de transmitir a estrutura do filme. A história é muito complicada e achei que a música desempenharia um papel muito importante no filme. Deveria torná-lo acessível e compreensível, para que as histórias não parecessem distintas mas sim ligadas. Por isso, para mim, a música tinha de ser o fio que unia o filme.
Poder-se-ia pensar que poderia ter composto uma música diferente para cada período. Eu disse que não faria assim. Escrevi a mesma música para acompanhar as três personagens. À medida que essas personagens voltam a aparecer, surgem variações desses temas e a música que se ouve é a mesma música do filme inteiro.
Eu escolhi o piano, porque queria um instrumento que fosse muito pessoal e que pudesse atravessar períodos muito fácilmente. O piano consegue fazer isso. Combinei-o com uma orquestra de cordas para lhe dar uma densidade de peso sonoro. Do mesmo modo que olhamos para trás através do tempo, olhamos para trás e para a frente ao mesmo tempo."
Philip Glass
(continua)

sexta-feira, maio 26, 2006

Jean-Luc Godard Apresenta...

Escrito e dirigido por Jean-Luc Godard, "Notre Musique" (2004) é um filme em três partes que contempla os três temas da "Divina Comédia" de Dante; Inferno, Purgatório e Paraíso. Trata-se de uma obra experimental e abstrata, onde Godard mistura a ficção com a realidade, e deseja destruir a relação imagem/texto.

Inferno: Imagens de guerra. Explosões, bombardeamentos, execuções, devastação, aldeias dizimadas. Imagens silenciosas, quatro frases, quatro peças musicais.

Purgatório: Sarajevo dos nossos dias. Personagens reais (Godard) e imaginárias (Olga). Uma visita à Ponte Mostrar (a travessia da culpa até ao perdão).

Paraíso: Olga encontra a paz à beira rio, numa pequena praia patrulhada por fuzileiros norte-americanos.

Olga Brodsky: "Se consegue compreender o que estou a dizer,
então você não está a prestar atenção."

Um filme a descobrir!

domingo, maio 21, 2006

They are in the Mood for Love

It is a restless moment.
She has kept her head lowered to give him a chance to come closer.
But he could not, for lack of courage.
She turns and walk away.
That era has passed.
Nothing that belonged to it exists anymore.
He remember those vanished years.
As though looking throught a dusty window pane,
the past is something he could see, but not touch.
And everything he sees is blurred and indistinct.
A realização de Wong Kar-Wai, as interpretações de Tony Leumg Chiu Wai e Maggie Cheung, e a música de Shigeru Umebayashi e de Michael Galasso, tornam, a meu ver, "In the Mood for Love" num filme inesquecível.

segunda-feira, maio 15, 2006

The Phantom of the Opera is There, Inside Your Mind

"Ce soir-là, qui était celui où MM. Debienne et Poligny, les directeurs démissionnaires de l'Opéra, donnaient leur dernière soirée de gala, à l'occasion de leur départ, la loge de la Sorelli, un des premiers sujets de la danse, était subitement envahie par une demi-douzaine de ces demoiselles du corp de ballet qui remontaient de scène après avoir «dansé» Polyceucte. Elles s'y précipitèrent dans une grande confusion, les unes faisant entendre des rires excessifs eu peu naturels, et les autres des cris de terreur.
La Sorelli, qui désirait être seule un instant pour «repasser» le compliment qu'elle devait prononcer tout à l'heure au foyer devant MM. Debienne et Poligny, avait vu avec méchante humeur toute cette foule étourdie se ruer derrière elle. Elle se retourna vers ses camarades et s'inquiéta d'un aussi tumultueux émoi . Ce fut la petite Jammes, - le nez cher à Grévin, des yeux de myosotis, des joues de roses, une gorge de lis, - qui en donna la raison en trois mots, d'une voix tremblante qu'étouffait l'angoisse:
«Ces't le fantôme!»"

Texto: "Le Fantôme de L'Opéra" de Gaston Leroux
Imagem: Cartaz publicitário do filme "The Phantom of the Opera" de Joel Schumacher (2004)

terça-feira, maio 09, 2006

Ser Feliz por Fernando Pessoa

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo e que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Texto: Fernando Pessoa
Imagem: "Fernando Pessoa" de Almada Negreiros

sexta-feira, maio 05, 2006

S. Crispim Day

O dia de São Crispim: este dia é o da festa de São Crispim; aquele que sobreviver a este dia voltará são e salvo ao seu lar e se colocará na ponta dos pés quando se mencionará esta data, ele crescerá sobre si mesmo ante o nome de São Crispim. Aquele que sobreviver este dia e chegar à velhice, a cada ano, na véspera desta festa, convidará os amigos e lhe dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, aos mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim". Os velhos esquecerão; mas, aqueles que não esquecem tudo, se lembrarão todavia com satisfação das proezas que levaram a cabo nesse dia. Então nossos nomes serão tão familiares nas suas bocas como os nomes dos seus parentes: Harry, o Rei, Bedford e Exester. Warwick e Talbot. Salisbury e Gloucester. Serão ressuscitados pela recordação viva e saudades com o estalar dos copos. O bom homem ensinará esta história ao seu filho, e desde este dia até ao fim do mundo a festa de São Crispim e Crispiano nunca chegará sem que venha associada à nossa recordação. Nós, poucos; nós poucos mas felizes; nós bando de irmãos; pois aquele que verter hoje seu sangue comigo, por muito vil que seja, será meu irmão, esta jornada enobrecerá sua condição e os cavaleiros que permanecem agora no leito da Inglaterra amaldiçoar-se-ão por não estarem aqui, e sentirão sua nobreza diminuída quando escutarem falar daqueles que combateram connosco no dia de São Crispim.

Tradução livre de "Henry V"; acto IV, Cena III de William Shakespeare

terça-feira, maio 02, 2006

My Cat is a Jellicle Cat!

Are you blind when you're born? Can you see in the dark?
Can you look at a king? Would you sit on his throne?
Can you say of your bite it's worse than your bark?
Are you cock of the walk when you're walking alone?
When you fall on your head, do you land on your feet?
Are you tense when you sense there's a storm in the air?
Do you know how to go to the Heaviside Layer?
Are you mean like a lince?
If you are you're a Jellicle cat!
Because, Jellicles are and Jellicles do
Jellicles do and Jellicles would
Jellicles would and Jellicles can
Jellicles can and Jellicles do!
We can dive throw the air like a flying trapeze!
We can turn double somersaults, bounce on a tire!
We can run up the wall, we can swing through the trees!
We can balance on bars, we can walk on a wire!
The mystical divinity of unashamed felinity
Round the cathedral rang "Vivat!"
Life to the everlasting cat!
Feline, fearless, faithful and true
To others who do what
Jellicles do and Jellicles can
Jellicles can and Jellicles do
Jellicle cats sing Jellicle chants
Jellicles old and Jellicles new
Jellicle song and Jellicle dance!
Practical cats, dramatical cats
Pragmatical cats, fanatical cats
Oratorical cats, delphioracle cats
Skeptical cats, dispeptical cats
Romantical cats, pedantial cats
Statistical cats and mystical cats
Political cats, hypocritical cats
Clerical cats, hysterical cats
Cynical cats, rabbinical cats...

Excertos da música "Jellicle Songs for Jellicle Cats" do musical de Andrew Lloyd Webber "Cats"