segunda-feira, julho 13, 2009

Argumento Adaptado: As Horas

"O corpo do tordo ainda lá está (é curioso como os gatos e os cães da vizinhança não estão interessados), pequenino até mesmo para um pássaro, tão definitivamente sem vida, aqui no escuro, como uma luva perdida, este pequeno e vazio punhado de morte. Virginia pára junto dele. Agora é lixo; perdeu a beleza da tarde do mesmo modo que Virginia perdeu a sua admiração, à mesa do chá, por chávenas e casacos, do mesmo modo que o dia está a perder o seu calor. De manhã, com uma pá, Leonard recolhe pássaro, erva e rosas e deita tudo fora. Virginia pensa na muito maior quantidade de espaço que um ser ocupa na vida do que na morte, na muita ilusão de tamanho contida em gestos e movimentos, na respiração. Mortos, somos revelados nas nossas verdadeiras dimensões, que são surpreendentemente modestas. Não sentira ela, Virginia, em si mesma em espaço vazio, de uma pequenez espantosa, onde seria natural que um sentimento forte residisse?"



O livro: "As Horas" de Michael Cunningham
O filme: "As Horas" de Stephen Dalory

7 comentários:

DarkViolet disse...

Sentir entranhar o puro sentimento feminino, é algo que a transparência consegue penetrar a melodia.
O perfume de terramotos grita em cada sulco

P.S: Tem um óptimo som, Blutengel

mdsol disse...

Ui tão arredio daqui... Há horas para tudo, não é?
:)))

bettips disse...

A Escritora, as Actrizes, a impecável triologia das almas - o lembrar que as pedras pesam uma morte "requerida" pela diferença.
Tal a dos pianos e vozes.
Bjinho

_vera_ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
_vera_ disse...

belíssima escolha...pura desintegração:
Philip Glass com texto de Samuel Johnson:

Two lovers sat on a park bench with their bodies touching each other, holding hands in the moonlight.

There was silence between them. So profound was theire love for each other, they needed no words to express it. And so they sat in silence, on a park bench, with their bodies touching, holding hands in the moonlight.

Finally she spoke. "Do you love me, John ?" she asked. "You know I love you, darling." he replied. "I love you more than tongue can tell. You are the light of my life. My sun. Moon and stars. You are my everything. Without you I have no reason for being."

Again there was silence as the two lovers sat on a park bench, their bodies touching, holding hands in the moonlight. Once more she spoke. "How much do you love me, John ?" she asked. He answered : "How much do I love you ? Count the stars in the sky. Measure the waters of the oceans with a teaspoon. Number the grains of sand on the sea shore. Impossible, you say."

"Yes and it is just as impossible for me to say how much I love you."

Frankie disse...

O filme nunca vi mas posso dizer que o livro foi daqueles que, realmente, me marcaram.

É sempre um prazer passar por cá; há sempre uma obra de arte à espreita e à espera de ser descoberta. Obrigada por isso :)*

Mr. Lynch disse...

DarkViolet;
E é de sentimento feminino que este filme se debruça.
:)





Mdsol;
Exacto, hé horas para tudo... E, utilizando uma frase do livro, "temos que as aguentar todas".
:)





Bettips;
Com este teu comentário... nada mais há a acrescentar da minha parte.
Bjinho





Vera.;
Ah..... Einstein on the Beach!!! Uma das obras-primas de Philip Glass.





Frankie;
Muito obrigado pelo teu simpático comentário. :)
O filme, tal como o livro, está excelente e cheio de sentimento.
*