"Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior."
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior."
Poema: "O Homem que Contempla" de Maria Rilke
Pintura: Wanderer Above the Sea of Fog de Caspar David Friedrich
5 comentários:
Querido amigo,
a pintura já admirava e o poema, que não conhecia, me fascinou.
"Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior."
Um deslumbramento. Obrigada pelas oportunidades que você me proporcionou com o belo, o maravilhoso e o fantástico que pude desfrutar hoje no seu blog.
Carinhoso beijo.
Lembrei Thomas Mann, num repente
as suas montanhas mágicas
as suas nostalgias pelos corredores dourados e crepes. São assim as associações de ideias.
***
Entre os meus olhos/sentimentos/máquina e agora a escrita há, por vezes, uma linha leve, quase imaterial mas sólida como um fio de pesca. E a rede do meu olhar apanha a nuvem, a onda, a flor, o canto, o bicho, o brilho. A máquina fotográfica é a 1ª que tive, há 5/6 anos, digital, pequena, uma coisa perfeitamente primitiva ou incipiente. Fiz impossíveis para comprar uma nova bateria (HP) - mandei-a vir de Espanha, duma casa de consumíveis - já não há nada disto à venda. Tenho uma Lumix que me deram quando a HP avariou, mas só uso se a outra falha, acho- a- "crua" e de brancos fosforescentes. Acho as lentes da hold-handy HP com uma resolução de cor quase de acaso (mas que por acaso eu prefiro a grandes performances).
Das fotos de agora, deixa ver:
de baixo para cima
1)uma porta de supermercado 2) patos na Gulbenkian 3) um caminho na Tapada de Mafra 4) uma árvore em frente ao Casino Estoril 5) uma casa velha e abandonada numa rua de aldeia 6) Monsaraz.
A LUZ das coisas, o que me dizem... é só isso o que sei de fotografia (demasiado antiga para aprender mais).
Mas é um vício antigo, só me moderava pelos rolos e a revelação cara.
Eis o meu segredo exposto. A natureza das coisas, a Natureza nas coisas.
Abraços e bem queria que o pai natal, a mãe natal, o filho natal, a vida enfim, me fossem generosos... Obrigada, meu caro. Para ti, muitas coisas boas e bonitas.
Feliz Natal e Boas Festas!
Abraço!
Querido amigo,
Um 2011 maravilhoso sob todos os aspectos para voce e os seus. Obrigada por sua amizade!
Beijos com carinho
Um ano muito bom, Mr. Lynch
:))))
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