segunda-feira, abril 17, 2006

O Plágio que se Converteu numa Obra-Prima

Quando resolveu produzir o filme "Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens" (1922) a Prana-Films nunca pensou os problemas que se adivinhavam. Após a morte de Bram Stoker, a sua esposa, Florence Stoker, encontrava-se numa péssima situação financeira e logo após a estreia deste filme, ela levou a Prana-Films a tribunal alegando plágio à obra "Drácula" da autoria do seu marido. Porém, F.W. Murnau (o realizador) tinha gasto muito dinheiro do seu próprio bolso em publicidade e recusou-se a pagar os direitos de autor, e a Prana-Films entrou em bancarrota. Pouco tempo depois todo o material (e as dividas) da Prana-Films passaram para a produtora Deutsch-Amerikansch Film Union que também se recusou a pagar a Florence Stoker a indemnização que ela exigia. Mais uma vez F.W. Murnau foi chamado a tribunal e mais uma vez, devido à pecária situação financeira em que também se encontrava, ele negou-se a gastar mais dinheiro com a sua obra. Florence Stoker foi então drástica: exigiu a destruição de todas as cópias de "Nosferatu". Em Julho de 1925 o tribunal deu a conhecer a sua sentença e todas as cópias conhecidas começaram a ser queimadas. Durante 10 anos, Florence Stoker enveredou por uma autêntica epopeia de processos e recursos, obsecada com a destruição total de "Nosferatu". Em 1937 a viúva de Stoker faleceu com a certeza de dever cumprido e durante alguns anos se pensou que este filme encontrava-se irremediavelmente perdido. Começaram então a surgir diversas cópias mas em péssimo estado de conservação. Foi encontrado também o filme "The Twelfth Four" (datado de 1930), uma versão sonora de "Nosferatu" mantida em segredo durante o processo judicial. Existem, porém, alguns problemas: algumas destas cópias duram 60 minutos e algumas 90... Existem cópias tingidas e outras não... Existem diferenças na montagem destas cópias... Apenas num ponto os estudiosos estão de acordo: na versão de F.W. Murnau a película era tingida (de sépia nas cenas diurnas e de azul nas nocturnas), pois não faz sentido ver Orlok caminhando em plena luz do dia para, no fim, ser morto devido aos raios solares. Em relação aos outros problemas existentes, ninguém sabe qual é a versão que mais se aproxima à original. Talvez com o tempo mais cópias sejam encontradas e nós possamos visualizar este grande clássico tal como o seu realizador o idealizou. Por enquanto, desfrutemos de "Nosferatu" tal como foi encontrado, restaurado e montado.

1 comentário:

Mr. Lynch disse...

SGC;
Nós já falámos sobre este filme e recordo-me de tu apreciares bastante este grande clássico.
Tenho o "The Shadow of the Vampire" em DVD. O Willem Dafoe está espectacular.
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