"Vi-o aqui no cemitério, avançava entre os túmulos, espectro entre os espectros. Encontrei-o, e súbito me apercebi que não tinha diante de mim um vivo, o seu rosto era o de um cadáver, os seus olhos olhavam já para as penas eternas. Naturalmente, só na manhã seguinte, sabendo da sua morte, eu compreendi que tinha encontrado o seu fantasma, mas já naquele momento me dei conta que estava a ter uma visão e que diante de mim estava uma alma danada, um lémure... Oh, Senhor, com que voz de túmulo me falou! «Estou condenado!», assim me disse. «Tal como me vês, tens diante de ti um retornado do inferno»."
Texto: Excerto de "O Nome da Rosa" de Umberto Eco